Museu da Justiça inaugura a primeira fase de sua revitalização com três novas exposições
Além da interativa permanente, o museu recebe este mês duas exposições temporárias sobre Pedro II e a Constituição de 1824
Após dois anos de obras, o Museu da Justiça, localizado na Praça XV (RJ), apresenta ao público a conclusão da primeira fase de revitalização do espaço. O projeto de reforma e modernização entregou duas salas interativas com a exposição permanente, contando a história do direito e do sistema judiciário no país e no mundo, além de uma nova programação de mostras temporárias.
Iniciado em 2023, por meio de uma parceria entre o Museu da Justiça e a empresa Fora, especializada em projetos culturais, a revitalização foi planejada em fases. A desembargadora Renata Silvares França, responsável pela coordenação geral do projeto, reforça que a revitalização do Museu da Justiça tem como principal objetivo aproximar a sociedade da Justiça e de temas jurídicos fundamentais de forma interativa, didática e divertida.
“Queremos dialogar sobre a evolução da Justiça e do Poder Judiciário e, contribuir, dessa forma, para a formação de uma cultura e de uma sociedade mais justa, ética e com responsabilidade social”, explica a magistrada.
Atuando sempre em conjunto com a direção e equipes do Museu, a Fora foi responsável por estruturar e coordenar o projeto, pela pesquisa e curadoria das exposições de longa duração, e pela pesquisa e produção das primeiras mostras temporárias.
“Nossa equipe aliou a formação jurídica com a experiência em pensar temas e curadorias a partir do interesse público e do enfoque cultural. Com o apoio das equipes do Museu, nosso objetivo para este projeto é criar propostas museológicas e expositivas que sejam atraentes para todos: dos que não gostam do Direito aos especialistas”, explica Fabricia Ramos, sócia da Fora.
Em julho, abertura de duas exposições especiais
Na abertura dessa primeira fase de revitalização do Museu da Justiça, duas exposições temporárias, em cartaz até setembro, abordam dois bicentenários que marcaram o início e fim do Império no Brasil: da Constituição de 1824, que abre dia 31/07 com uma mostra pequena com objetos históricos e uma vídeo-animação didático; e do nascimento de Pedro II (1825-1891).
Com curadoria de Paulo Knauss e Marcia Mello, a exposição “A Partilha do Imperador Pedro II: inventário, coleções e diálogos contemporâneos” aborda a memória e o legado do ex-Imperador. Quando D. Pedro II foi banido e retornou à Europa com a família, dezenas de caixotes foram com ele para a França, levando do país importantes objetos, livros e documentos que contavam a história do Brasil.
Diversos itens, em especial mobiliário e objetos de casa, também foram oferecidos em pregões no Leilão do Paço, em 1890. Excluídas da venda e ameaçadas de confisco pelo regime republicano, suas coleções de livros, fotografias e outros objetos foram doadas pelo imperador em julho de 1891, por carta, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), ao Museu Nacional e à Biblioteca Nacional.
A mostra percorre os anos finais de vida de Pedro II, partindo da expulsão da família real do Brasil pelo novo governo republicano, em 1889, e seguindo o rastro de seus bens e coleções e de seus registros. A exposição foca exatamente nas consequências da dispersão desse patrimônio e das memórias imperiais, e os esforços, décadas depois, para resgatar e preservar essa história. Reúne mais de 100 obras de acervos como do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil – IHGB, Museu Imperial de Petrópolis, Museu Histórico Nacional, Museu Histórico da Cidade, Museu de Arte do Rio e Biblioteca Nacional.
Reforçando como a história de um país está sempre viva quando os objetos reforçam sua presença, a mostra finaliza com obras contemporâneas que remetem a esse período do fim do Império. Para essa fase, estão presentes obras de artistas Claudia Jaguaribe, Daniel Lannes, Érica Magalhães, Hal Wildson, Marcel Diogo, Sergio Allevato, Silvana Mendes, Rosana Paulino, Edgar Kanaykõ Xakriabá e Yhuri Cruz.
Por sua vez, a mostra “200 anos da Constituição de 1824” aborda esse marco fundamental da criação do Brasil após a Independência e seus traços particulares, como o Poder Moderador e a manutenção da escravidão. Além de um vídeo didático sobre o tema e seu impacto na atualidade, a mostra comenta o papel de d. Pedro I na elaboração do texto constitucional, reunindo obras históricas de alguns dos acervos citados e fotografias do artista contemporâneo André Penteado.
A expografia dessas duas mostras é assinada pela Grua Arquitetos, que desenvolveu um mobiliário sob medida para mediar a presença das obras nos espaços históricos e de personalidade marcante do Museu.
Interatividade
A nova exposição permanente do Museu da Justiça permanente aposta imersão e na interatividade para abordar as origens das leis e dos princípios da Justiça no Brasil.
Especializada em articular arte, tecnologia, arquitetura e design, a SuperUber foi responsável pela concepção das novas salas com exposições de longa duração.
Na primeira sala, os visitantes começam sua jornada diante dos primeiros códigos jurídicos na história da humanidade, como o Código de Hamurabi e a Lei das Doze Tábuas. Já na segunda sala, o foco é no Brasil, onde é apresentada uma cronologia temática sobre as principais leis e instituições jurídicas do país, destacando as Constituições e casos judiciais marcantes. Entre as figuras históricas envolvidas nos casos em destaque estão o advogado Luiz Gama, o líder Guarani e ambientalista Marçal Tupã-y e a presa política Inês Etienne Romeu.
“No Museu da Justiça, tivemos a honra de modernizar um espaço que guarda uma memória importante e que precisa contar suas histórias para diferentes gerações. Fizemos tudo isso com experiências inclusivas e interativas, para cumprir essas missões de conectar o público de forma original”, afirma Liana Brazil, diretora criativa da SuperUber.
Apoiada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e do Governo do Estado do Rio de Janeiro, a Fase 1 da revitalização do Museu da Justiça foi financiada com mecanismos como a Lei Federal de Incentivo à Cultura, com o patrocínio de parceiros como Bradesco, Multiplan, Águas do Rio/Instituto Aegea, Instituto Vale, Bermudes Advogados, Amil, Prudential, 15º Cartório de Notas, Seguros Unimed e 1º RCPN.
Serviço
MUSEU DA JUSTIÇA
Rua Dom Manuel 29, Centro, Rio de Janeiro
Segunda à sexta das 11h às 17h
Entrada franca
Exposições de longa duração
Origens do Direito e princípios da Justiça
História do Direito e da Justiça no Brasil
Exposições temporárias
A partilha do Imperador Pedro II | 10 de julho a 10 de setembro de 2025
200 anos da Constituição de 1824 | 31 de julho a 10 de setembro de 2025
Agendamento de visitas guiadas: 21.3133-2721