Beterraba: relevância agronômica, valor nutricional e avanços genéticos na horticultura moderna

*Por João Henrique Schumaikel

Quando analiso o papel dos alimentos funcionais na nutrição moderna, a beterraba se destaca como um exemplo emblemático de como a agricultura pode aliar ciência, produtividade e saúde. Por trás da coloração intensa e do sabor terroso existe uma composição bioquímica de alto valor nutricional, frequentemente subestimada pelo consumidor. No campo, ela representa uma cultura de grande relevância agronômica, capaz de unir simplicidade de manejo e resultados expressivos em termos de rendimento e qualidade alimentar.

Desde o início da minha trajetória profissional, ainda no setor público em 1998, aprendi a observar os sistemas agrícolas com atenção aos detalhes invisíveis. A beterraba é um caso interessante justamente porque responde diretamente à qualidade do solo, ao equilíbrio nutricional e às condições ambientais. Uma genética adequada pode transformar completamente o desempenho da cultura, influenciando fatores como teor de açúcares, coloração e resistência a pragas e doenças. No setor hortícola, o avanço genético tem sido um divisor de águas para melhorar a eficiência produtiva e a consistência dos resultados no campo.

Em termos nutricionais, a beterraba é uma fonte relevante de ferro, potássio, magnésio e antioxidantes. Sua riqueza em nitratos naturais tem sido amplamente estudada por pesquisadores das áreas de medicina esportiva e nutrição, com resultados consistentes na melhora da oxigenação do sangue e do desempenho físico. Esses achados científicos reforçam o que já se observa na prática: a conexão direta entre agricultura de precisão, qualidade de cultivo e benefícios à saúde humana.

Nos últimos anos, observo um consumidor mais exigente e tecnicamente informado. Há uma busca crescente por alimentos de origem rastreável, com valor agregado não apenas em sabor, mas também em sustentabilidade e aporte nutricional. Essa mudança de perfil impacta toda a cadeia produtiva, exigindo que empresas do setor hortícola invistam em pesquisa genética e em processos de produção mais eficientes. Em minha empresa, esse movimento se traduz no desenvolvimento de cultivares com maior resistência, estabilidade fisiológica e padrão de qualidade, mantendo o equilíbrio entre produtividade e valor sensorial.

O futuro da horticultura caminha para a integração entre qualidade sensorial, inovação científica e sustentabilidade produtiva. Nesse contexto, a beterraba representa um exemplo expressivo: apesar de sua simplicidade aparente, trata-se de uma cultura de elevado valor agronômico e nutricional. Sua evolução tecnológica demonstra que, assim como em todo sistema agrícola, os fatores determinantes do sucesso estão na base, no solo, na raiz e nos processos biológicos que sustentam o crescimento.

Produzir beterrabas com qualidade não se resume a uma meta comercial, mas a um compromisso com a eficiência técnica e o impacto social da agricultura. A ciência aplicada ao campo permite que cada semente plantada seja uma ferramenta de transformação, capaz de unir produtividade e responsabilidade ambiental. Essa é, em minha visão, a verdadeira força da horticultura moderna: gerar valor a partir do conhecimento, respeitando o tempo da terra e o equilíbrio dos ecossistemas que garantem a nossa alimentação.

*João Henrique Kozlik Schumaikel soma 27 anos de experiência no agronegócio e está à frente de uma empresa brasileira que atua no comércio de sementes e insumos agrícolas. Com atuação consolidada em quase todos os estados e relações comerciais com fornecedores de 15 países, o empresário agora projeta uma expansão estruturada para os Estados Unidos, de olho no crescimento da demanda por alimentos com valor nutricional diferenciado.